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No vasto universo do futebol, existem poucas figuras mais icônicas do que Johan Cruyff. Reconhecido como um dos maiores jogadores de todos os tempos, o holandês era igualmente conhecido por sua habilidade em campo quanto pela sua personalidade fora dele.

Nascido em Amsterdã, Cruyff começou sua carreira no Ajax, onde rapidamente se destacou como um talento prodígio. Com sua técnica refinada, visão de jogo e inteligência tática, ele se tornou o protagonista e principal jogador do que ficou conhecido como "Futebol Total" - um estilo de jogo onde qualquer jogador poderia assumir a posição de outro jogador em campo.

Sua influência não se limitou apenas ao campo. Fora dele, Cruyff era conhecido por sua postura firme e opiniões fortes sobre o jogo e a forma como deveria ser jogado. Ele não era apenas um jogador, mas também um filósofo do futebol, sempre buscando inovar e trazer novas ideias.

Além do Ajax, Cruyff também brilhou no Barcelona, onde deixou um legado que vai além de seus gols e jogadas. Ele influenciou uma geração de jogadores e treinadores, incluindo Pep Guardiola, que frequentemente cita Cruyff como sua maior inspiração.

A carreira de Cruyff também foi marcada por sua liderança. Ele não era apenas um jogador habilidoso, mas também um líder nato, sempre guiando seus companheiros de equipe e buscando a vitória a todo custo. Sua determinação e paixão pelo jogo o tornaram uma lenda, e sua influência ainda é sentida no futebol moderno.

 Origem da Rivalidade: Adidas vs. Puma

A história da rivalidade entre Adidas e Puma é tão intensa quanto as competições esportivas que essas marcas patrocinam. Tudo começou na pequena cidade de Herzogenaurach, Alemanha, onde dois irmãos, Adolf e Rudolph Dassler, decidiram entrar no negócio de calçados esportivos.

No início dos anos 1920, os irmãos Dassler viram uma oportunidade no crescente interesse por esportes e começaram a produzir sapatos esportivos na lavanderia de sua mãe. Com Adolf focado no design e produção e Rudolph nas vendas e marketing, a dupla rapidamente ganhou reconhecimento por seus produtos inovadores.

O verdadeiro marco para os Dassler veio nas Olimpíadas de Berlim em 1936. Eles conseguiram que o atleta americano Jesse Owens usasse seus sapatos para competir. Owens, que desafiou a ideologia nazista ao ganhar quatro medalhas de ouro, estava usando sapatos Dassler, o que proporcionou uma publicidade inestimável para os irmãos.

No entanto, apesar do sucesso inicial, as tensões entre os irmãos começaram a surgir durante a Segunda Guerra Mundial. Diferenças de opinião, juntamente com rumores e mal-entendidos, ampliaram o fosso entre eles. Após a guerra, a relação entre os dois irmãos deteriorou-se a tal ponto que decidiram seguir caminhos separados.

Adolf fundou a Adidas (uma combinação de seu apelido, "Adi", e as primeiras letras de seu sobrenome, "Das"), enquanto Rudolph estabeleceu a Puma. As duas empresas foram fundadas em lados opostos do rio que atravessa Herzogenaurach, e a cidade logo se viu dividida entre os apoiadores de cada marca.

A rivalidade não se limitou apenas aos negócios. Ela se estendeu às famílias, amigos e até mesmo aos habitantes da cidade. Durante décadas, a animosidade entre Adidas e Puma foi tão intensa que era raro ver membros das duas famílias falando entre si ou pessoas usando produtos de ambas as marcas na mesma cidade.

A Separação e a Intensa Rivalidade

A parceria entre os irmãos Dassler, que uma vez floresceu com inovação e sucesso, começou a desmoronar devido a uma série de desentendimentos. As razões exatas para a discórdia permanecem um mistério até hoje, com várias teorias circulando. Alguns acreditam que foi um incidente durante um bombardeio na Segunda Guerra Mundial que semeou a desconfiança; outros sugerem que rivalidades pessoais e profissionais, amplificadas por esposas e familiares, levaram à divisão.

Com a separação, veio uma decisão que mudaria Herzogenaurach para sempre. A cidade, que antes se orgulhava de ser o berço de uma próspera empresa de calçados, agora estava dividida entre duas marcas rivais. A lealdade à Adidas ou à Puma não se limitava apenas ao local de trabalho; ela permeava a vida cotidiana. Restaurantes, bares e até escolas eram frequentemente frequentados por membros de um "campo" ou de outro, mas raramente por ambos.

A competição entre as duas empresas foi feroz. Ambas buscavam constantemente superar uma à outra, seja através de inovações em design, patrocínios de atletas de alto perfil ou campanhas publicitárias. Esta competição não se limitou apenas ao mercado; ela se manifestou fisicamente na cidade, com as duas empresas construindo suas sedes em lados opostos do rio Aurach.

A rivalidade também se estendeu ao mundo do esporte. Enquanto a Adidas fez acordos com equipes e organizações, a Puma optou por patrocinar atletas individuais. Esta abordagem diferenciada levou a mais confrontos públicos, como o famoso episódio de Johan Cruyff na Copa do Mundo de 1974.

Com o passar dos anos, tentativas foram feitas para curar as feridas antigas. Em 2009, por exemplo, funcionários de ambas as empresas participaram de uma partida de futebol amistosa, simbolizando uma trégua entre as duas marcas. No entanto, a história da rivalidade entre Adidas e Puma permanece como um testemunho do poder das diferenças pessoais e da competição no mundo dos negócios.

A Copa do Mundo e a Camisa de Duas Listras

(Pelé como garoto-propaganda da Puma, em anúncio de 1970)

A Copa do Mundo sempre foi um palco para as maiores estrelas do futebol brilharem, mas também se tornou um campo de batalha para as marcas esportivas. Na Copa do Mundo de 1970, a Adidas, buscando solidificar sua posição no mercado global, começou a patrocinar seleções inteiras, garantindo que suas três listras icônicas estivessem em destaque. Em contraste, a Puma optou por uma estratégia diferente, focando em patrocínios individuais a jogadores, o que lhes permitiu associar sua marca a estrelas como Pelé.

No entanto, foi na Copa do Mundo de 1974 que a rivalidade entre Adidas e Puma alcançou seu ápice, graças à situação única envolvendo o astro holandês Johan Cruyff. A seleção holandesa, patrocinada pela Adidas, tinha o tradicional uniforme adornado com as três listras da marca. Mas havia um problema: Cruyff tinha um contrato de patrocínio individual com a Puma.

Em qualquer outra situação, um jogador poderia simplesmente optar por não usar o calçado da marca concorrente. No entanto, o uniforme da Adidas com suas três listras era inconfundível e representava um conflito direto com o contrato de Cruyff. A solução? Uma camisa especial foi confeccionada para Cruyff, ostentando apenas duas listras ao longo das mangas, ao invés das tradicionais três.

O resultado foi uma imagem icônica: enquanto o restante da equipe holandesa exibia as três listras da Adidas, Cruyff desfilava pelo campo com sua camisa de duas listras. Esta diferença sutil, mas significativa, não apenas destacou Cruyff dos demais jogadores, mas também se tornou um símbolo da rivalidade entre Adidas e Puma e da influência que um jogador de alto calibre poderia exercer.

A decisão de Cruyff de usar a camisa de duas listras foi mais do que uma escolha de moda; foi uma declaração de independência e lealdade à sua marca patrocinadora. E, embora a Holanda não tenha vencido a Copa do Mundo de 1974, a imagem de Cruyff com sua camisa distintiva permanece como um dos momentos mais memoráveis da história das Copas.

O Legado da Camisa e o Impacto no Marketing do Futebol

A recusa de Cruyff em usar as três listras da Adidas tornou-se um dos episódios mais memoráveis da história do futebol. E, mesmo com a negativa de Cruyff, a Adidas se fortaleceu, associando-se ao presidente da FIFA, João Havelange.

A história da camisa de duas listras de Cruyff é mais do que apenas um fato curioso do futebol. É um reflexo da rivalidade entre duas gigantes do esporte e um lembrete do impacto que um único jogador pode ter na cultura e no marketing do futebol.

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